E foi assim...
O velho-homem, ante a iminência do abismo, que o convida a experimentar a finitude de seu complexo existir, refletia:
Enquanto ainda me restar ânimo,
em minha pouca vida a escorrer,
Pretendo levar comigo a coragem de matar,
e que essa seja a razão para não morrer.
Matarei primeiro o medo,
que me subtrai de mim mesmo,
impondo-me limites que não são meus,
me fazendo claudicar ante a morte a se descortinar.
Em seguida, matarei todas as formas de escravidão,
que igualmente subtraem de mim a verdadeira vontade.
Pois os servos, servirão!
Matarei ainda em mim,
a prevalência dos egos de poucos,
sobre os destinos de muitos.
Serial killer,
exterminarei também o fanatismo;
Essa crença sentimental e burra,
pela qual o homem idolatra, domina, tiraniza e mata.
Matarei, portanto, tudo e todos
que me afastem da busca das falseadas verdades por mim perseguidas.
Finalmente, no último fio do novelo de meu ânimo,
eliminarei àquela - a qual os tolos, como eu, temem!
Pois, vencido o medo, a escravidão e o fanatismo,
poderei entregar-me aos braços da dúvida,
e com ela, lançar-me na certeza da Vida.