Poemas Mortos
Quantos poemas ficaram guardados
nos casulos da alma
Medo de perderem o encanto
ao se transformarem em palavras
Morreram nos enrugados corações
antes de nascerem
Não viram as cores da vida
Não sentiram o cheiro da terra
Não beberam água da fonte
Não viajaram no brilho das estrelas
Não choraram a solidão do mundo
Não conjugaram o verbo amar
Não se perderam no universo das loucas paixões
Não beijaram a boca dos sonhos
Não se encantaram com a utopia do olhar
Não percorreram o solitário mundo das vãs ilusões
Não se deleitaram com o silêncio da noite
Não murcharam com as folhas secas do tempo
Não se deixaram levar pelos ventos
das tempestades invernais
Diluíram-se com o peso da própria dor
Foram-se de mim como se vão os grandes amores
Deixaram de lembrança sementes de saudades
Não deram-me se quer o direito de acenar
um simples adeus!
12/08/2003