Sonhos e Fungos

Revirados os sonhos como gavetas de meias
Asas de gaivotas em vaporização pelos céus
Revoadas, um alvoroço de pensamentos meus
Um sorriso morre solo entre dentes cerrados.

Flores criadas no pé do muro, filhas de fungos
Ilhas de seda num verde tapete do tempo úmido
Testemunhas que estive sóbrio, óbvio sensível
Que tratei a vida etérea na acidez de todo mel.

Os apertos de mãos com as pontas dos dedos
Medos ou timidez do mundo, crimes do silêncio
E que dos discursos elétricos fizeram anestesia
Calmaria na camisa de força e no laço da forca.

Após décadas os sonhos nos fazem covardes
Quietam nossas lutas, dragam o fruto da vida
Acordam o contrapeso da vontade como ópio
Descarregam palavras numa emoção perdida.


 
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 30/09/2014
Reeditado em 01/10/2014
Código do texto: T4981945
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