Noite de 09/09/2014

A solidão deitou na minha cama ao meu lado,

Ela é fria, muda, não palpita nem resmunga.

A solidão adora livros, dorme com eles em bibliotecas,

Caixas velhas e estantes de escritórios empoeirados;

É amiga de quem fala sozinho,

Mas não puxou assunto comigo enquanto eu lia poesia.

Vai ver ela prefere os romances, aqueles mais tristes,

os que puxam sua lágrima.

Não usou seu dedo frenético no controle remoto,

Mudando num ritmo louco os sons, números e rostos da televisão...

Ela não tem hora, nem ri nem chora;

Não gosta de novela, prefere fechada a janela e adora noites frias;

Ela é muito sem graça, mas nem ao menos tenta ser engraçada.

Tenho medo dela, mesmo sabendo que é passageira.

Ela me remete a lembranças desconfortáveis,

De um fino frio interno cortante, e olhos cansados das procuras.

A solidão é quebrada com uma simples ida ao banheiro,

Com o som da mijada na água do vaso e o assobio sem jeito.

Novamente é quebrada com a presença dos meus cães

E logo depois o tocar do telefone.

Por mais que eu fale nela, critique e a exponha...

Ela não esteve aqui enquanto eu rabiscava essas linhas noturnas,

Eu apenas a criei; aliás, ela me criou, me inspirou e sim, sim... ela existiu!

Por poucos segundos, mas existiu.

E por isso, somente por isso e por hoje, ela é, e foi muito bem-vinda.

André Anlub®

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