Sonetos 16, 17 e 18 do meu livro "Em todos os sentidos"
MÁRMORE
Um silêncio profundo aqui me envolve,
Por este frio cenário da saudade,
Qual meu findo amor foi pra eternidade,
Que sem ter pena, a vida não devolve.
E torna a minha força temperante,
Ao rumo de só ser viva a lembrança,
De toda emoção que nunca a alcança,
Porque tal pedra, a deixa-me distante.
Isolamento que aturde, não fala;
E das poucas palavras murmuradas
Que solto, tua mudez triste me cala!
Assim..., cala-me por dentro e por fora,
Feito o mármore de capas geladas,
Que tu’alma veste, e a minha, por ti chora!
DULCE SANTA (Irmã Dulce)
Sem dores e sem medos, nem maldades;
No caminhar..., os seus dons espalhados.
Mesmo exaustiva às suas caridades,
Levou sua fé, a tantos desgraçados.
Compassiva no apor sinceridade,
Fez todo o seu destino já traçado,
Marcado de esperança e de bondade,
Que no tempo, assim tenha lhe abraçado...
Frágil, mas d’um poder desmesurado;
Com doces gestos em seus passos lentos,
Creio que, muita dor tenha curado...
Muitas flores pra ti, mulher sagrada;
Mãe e irmã, freira dos nossos conventos,
Sempre a nos sagrar, ó santa aclamada!
O ABANDONO DENTRO DA DOR
Da negra nuvem d’um penar profundo,
Só..., eu sobrei de amores não mais meus;
Noite a conduzir o ser iracundo,
Neste meu desabar de tanto adeus!
Foi lição por eu mesmo não me amar,
E assim, na razão, mais ninguém me amava;
Veio esta cinza nuvem derramar
A escuridão, que tarde lastimava!
Meu coração, cortado em pedaços
Num forte sofrer, sem ter mais abraços;
E entre eles, a dor que eu mais sentia...,
...Era a falta de afeto... Meu castigo!
Nestas culpas, fui eu um inimigo,
Ninguém mais pra amar..., na vida vazia.
Eduardo (Setedados)
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