Sonetos 13, 14 e 15 do meu livro "Em todos os sentidos"
APAIXONAR-SE POR UM AMIGO
Vêm lágrimas deste imo que não dorme,
Num denso amor, que de ti se percebe;
Se não?..., Como então a prova enorme,
De quem por você..., menos se recebe!?
Lembrais que a vida é misteriosa;
E assim quem de nós tão perto chegar,
Ter certeza que é maravilhosa
Aos teus olhos, sem nada a te negar!
Então bem antes que já seja tarde,
Entre sim dentro destes sentimentos;
Solte do “não aguento mais”, o choro...,
...Beije a paixão amiga d’um namoro,
Retire as roupas dos teus pensamentos,
E ame somente a quem teu corpo arde!
MEUS FANTASMAS
A noite me espia - e eu a espiar ela;
Dos seus bichos noturnos, sons escuto,
E estou mesmo por certo resoluto,
A varar nesta noite em névoa tela.
Com seu cantar de agouro tão sinistro,
É coruja em certo voo silente...,
Grilos num cricrilar tão estridente,
É o que dela, mais forte registro.
Sombras rápidas mudam de lugar,
Camufladas na brisa penetrante,
A engolir e crivar, medos e espinhos!
Desta tensão vou sempre me lembrar,
Quando era um solitário viajante,
Matando meus fantasmas dos caminhos.
TRISTE LUAR DE AMOR
Meu estático ser que a orbe fita,
Que vê sonhos longínquos, desta espera
Em saudades que no peito palpita;
É também reverência a linda esfera!
O que a lua não me diz, vou imaginando
Num tempo que passou, mas vivo ainda;
Dentro assim deste amor - e me apegando,
Cingido a tal lembrança que não finda!
Prata, o seu alfarrábio transparece;
Poderoso e soberbo, faz chamada
Idolátrica pro imo que se aquece.
No alvor, tua face por mim é chorada,
Depois que a triste lua desaparece,
Com vigor pra outra noite, ó amada!
Eduardo (Setedados)
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