VISCERAL
E vou me excomungando,
espremendo minhas convicções
nas teorias
e geometrias,
nos paradoxos
das minhas razões.
Tateio minhas virtudes,
Esbarrando aqui e ali
nos desenhos cegos
dos meus defeitos,
é visceral
não tem jeito.
Mesmo nos dias ensolarados
eu arremeto
para distante
das línguas afiadas.
E plano
sutilmente sem asas,
aterrissando docemente
no beijo de língua
da minha amada.
Não rezo
com os arrogantes,
a minha oração
eu escrevo
e termina antes.
Aprendi
a ouvir
o silêncio,
e ficar hipnotizado
com a beleza
dos ecos.
Então,
misturado nesse silêncio
é perturbador
quando se escuta gemidos,
e vamos descobrindo
o contraste,
o efeito contrário
de tanta beleza,
e de como podemos
de repente,
ser tão feios.
É um agonizar
de almas desesperadas
quase mortas
pedindo por socorro.
E tão poucas
são ouvidas,
socorridas,
a beira do abismo.
É visceral
desde o princípio,
para quem
aborta a alma
não existe gard rail
no precipício.