Coisas de nós dois

Se reunir eu pudesse

As fendas do tempo

Que nós abrimos

Com nossos beijos,

Talvez eu retornasse

Ao infinito céu

Que vi quando

Meus olhos fechei

Para sentir-te mais.

E o universo pararia,

Não pelo pesar

De uma despedida,

Mas pelo júbilo

Que o Presente

Carrega em sua mala.

Entrei nesse mala

Mas esqueci de voltar.

Esqueci de chorar

Pela vida medonha

Que vivi por largos

Dias, meses e semanas.

Esqueci da razão

Que numa incoerente

Sabedoria me dizia

O caminho a se seguir.

Nunca tive tanta alegria

Em ter um insano

Lapso de memória,

Pois se minha mente

Eu não libertasse...

Jamais teria sorvido

Dos mistérios da vida

Através de seus abraços,

A razão de viver através

Da sua delicada voz.

Jamais teria encontrado

Encanto na simplicidade,

Como o seu silêncio

Que anda de mãos dadas

Com a paz de cada dia;

Como a firmeza dos olhos

Seus que sabem ser gentis

Com minha face quando

Me avizinho aos teus lábios

Para repousar serenamente

No leito do prazer.

Enfim, ensinastes-me a sonhar.

Sendo que sonhar é viver,

Mas viver é morrer,

Pois cada dia de liberdade

Também é um passo rumo

Ao temente fim.

Se for para o fim ir

Que meus dias de liberdade

Sejam por ti viver

E assim em felicidade

Partir para o fúnebre

Silêncio comum aos mortais.

Não temo o que virá.

Sei que fiz o que pude

Para vivermos a eternidade

Dentro de minhas limitações.

Resta apenas se entregar

Às lembranças que construímos.

Essas ninguém pode roubar.

Pois não é palpável.

Tampouco visível.

Está simplesmente em nós.

Sabe?

Coisas de nós dois...

Fábio Simão
Enviado por Fábio Simão em 15/08/2014
Código do texto: T4923696
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