Coisas de nós dois
Se reunir eu pudesse
As fendas do tempo
Que nós abrimos
Com nossos beijos,
Talvez eu retornasse
Ao infinito céu
Que vi quando
Meus olhos fechei
Para sentir-te mais.
E o universo pararia,
Não pelo pesar
De uma despedida,
Mas pelo júbilo
Que o Presente
Carrega em sua mala.
Entrei nesse mala
Mas esqueci de voltar.
Esqueci de chorar
Pela vida medonha
Que vivi por largos
Dias, meses e semanas.
Esqueci da razão
Que numa incoerente
Sabedoria me dizia
O caminho a se seguir.
Nunca tive tanta alegria
Em ter um insano
Lapso de memória,
Pois se minha mente
Eu não libertasse...
Jamais teria sorvido
Dos mistérios da vida
Através de seus abraços,
A razão de viver através
Da sua delicada voz.
Jamais teria encontrado
Encanto na simplicidade,
Como o seu silêncio
Que anda de mãos dadas
Com a paz de cada dia;
Como a firmeza dos olhos
Seus que sabem ser gentis
Com minha face quando
Me avizinho aos teus lábios
Para repousar serenamente
No leito do prazer.
Enfim, ensinastes-me a sonhar.
Sendo que sonhar é viver,
Mas viver é morrer,
Pois cada dia de liberdade
Também é um passo rumo
Ao temente fim.
Se for para o fim ir
Que meus dias de liberdade
Sejam por ti viver
E assim em felicidade
Partir para o fúnebre
Silêncio comum aos mortais.
Não temo o que virá.
Sei que fiz o que pude
Para vivermos a eternidade
Dentro de minhas limitações.
Resta apenas se entregar
Às lembranças que construímos.
Essas ninguém pode roubar.
Pois não é palpável.
Tampouco visível.
Está simplesmente em nós.
Sabe?
Coisas de nós dois...