O que falta no universo
Onde tudo nasce e morre
Onde muito cabe
E quando é nada
Escorre
Pra onde não se sabe
Onde a verdade é muro
E quando é tudo
Sobra espaço
Prum futuro
Desconexo, descompasso
Cabe a falta de um abraço
O nó do nosso laço
O lado a lado
Do nosso passo
Caibo eu
Cabe você
E alguns outros
Todos rostos
Meio foscos
Cabe o viver e o sentir
Um pedaço de sorrir
Mesmo na grandeza
Da tristeza
Querendo me engolir
Cabe no todo dia
De ir e vir
No aqui e ali
E naquilo tudo
Que me entedia
Cabem céus e infernos
Cabe até essa pobre rima
De rimar que
Também cabem
(e muito bem caem)
Os invernos
Cabe a estima e o desprezo
Os tropeços de menina
Cabem linhas do tempo
E os verões e as primaveras
Que faltaram na estrofe acima
Cabe a beleza de minhas amigas
A minha (com a qual me contento)
Do trabalho, o alento
E os sapos que engulo
A todo o momento
Cabem todas essas palavras
Cabem palavras não inventadas
Cabem todos os versos escritos
Que apagarei em minha jornada
Só não cabem as palavras
Do que tenho de dizer
Para me fazer entender
Quando não sei, eu mesma
O porquê desse “desfazer”
Entender que não existe adeus
Que separe nossas almas
Entenda, eu preciso
É de algumas noites mais calmas
Sei que não sou santa
(tou mais pra anta)
Mas tudo o quê foi erro
Mútuo, se perdoou, ou
Há muito se perdeu
Do nosso enredo de amor
Me desculpe
Muito tempo se passou
E mesmo que eu não caiba mais
No mundo que eu construí
Eu preciso tentar
Ao menos uma vida viver
Reconstruir, comigo e só
(se eu ainda conseguir)
&lis*
23/07/14