O ANCIÃO
Andando em passo miúdo
Trôpego e sem firmeza
Qual nau que ao léu veleja
Em mar bravio e sisudo
Marcas do tempo em mãos nuas
É centenário? Talvez...
Tão sozinho... Insensatez?
Um ancião em nossas ruas.
Quem olhar só o seu porte
Inútil! Podem pensar
Que está a desejar
Que venha depressa a morte!
Ah! Pessoas sem pendor!
Não percebem que estão diante
D’um precioso diamante
De inestimável valor?
Não imaginam que o tempo
Tenha seu gesto atado
P’ra nele ser condensado
Muito mais discernimento
O vigor que teve um dia
Sabiamente foi sumindo
Pra que ali fosse surgindo
Muito mais sabedoria
A experiência acumulada
Ali, ao mundo traria
Mais amor, mais harmonia,
Se bem fosse aproveitada!