que nos torna
o sol
lá fora
a vontade de ir embora
a cidade
adormecida
como seus habitantes
como os homens
que tarde
compartilham
o mesmo sono
como aquelas
mulheres que se veste
de outra, que se maqueia
em busca de um olhar
interessado,
alguém que as ame
que as queira
do olhar,
do perverso desejo
do corpo
das seiva
da esgueirada taberna
que em espartilho
se guarda
se esconde
e você
me cobrando
labareda,
eu falo de
fome
e você,
da guerra
eu falo de dançar
e você
do inferno
quanto
do mundo
apanhamos com
as palavras.
Quantas vezes
Preciso te dizer
Que tudo que dura
mente
depois de nascido
o rio corre
e se funde no mar
mas
antes
de qualquer coisa
abre o coração
como se abre
as pernas
como a flor
que no meio
da manha ainda
molhada
expõe sua
pétalas que
recebe os orvalhos
como um gozo de madrugada
mas quem
somo nós
se formos
e não éramos
juntos
será que somos
ou somos idos
doideira essa
de ainda amar
de descer
e
correr
e se findar
sabe-se
lá como
vai ser
o dia de amanha
tão arraigado
que talvez
seja esse
mesmo
o mesmo dia
dia após dia
dentro da gente
que não quer acabar
viver
reviver
e pisa e pisar
como se négassemos
descaradamente
o espanto,
a vertigem
de sabemos
sós
sós