que nos torna

o sol

lá fora

a vontade de ir embora

a cidade

adormecida

como seus habitantes

como os homens

que tarde

compartilham

o mesmo sono

como aquelas

mulheres que se veste

de outra, que se maqueia

em busca de um olhar

interessado,

alguém que as ame

que as queira

do olhar,

do perverso desejo

do corpo

das seiva

da esgueirada taberna

que em espartilho

se guarda

se esconde

e você

me cobrando

labareda,

eu falo de

fome

e você,

da guerra

eu falo de dançar

e você

do inferno

quanto

do mundo

apanhamos com

as palavras.

Quantas vezes

Preciso te dizer

Que tudo que dura

mente

depois de nascido

o rio corre

e se funde no mar

mas

antes

de qualquer coisa

abre o coração

como se abre

as pernas

como a flor

que no meio

da manha ainda

molhada

expõe sua

pétalas que

recebe os orvalhos

como um gozo de madrugada

mas quem

somo nós

se formos

e não éramos

juntos

será que somos

ou somos idos

doideira essa

de ainda amar

de descer

e

correr

e se findar

sabe-se

lá como

vai ser

o dia de amanha

tão arraigado

que talvez

seja esse

mesmo

o mesmo dia

dia após dia

dentro da gente

que não quer acabar

viver

reviver

e pisa e pisar

como se négassemos

descaradamente

o espanto,

a vertigem

de sabemos

sós

sós

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 12/08/2014
Código do texto: T4919816
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