A COR DE BRASÍLIA

poesia concreta

bloco de cinza

no seio do nada

anti-cor da matéria

descolorida e neutra

toma todos os partidos

toma todos os trens

e apaga o horizonte

a cor de brasília

poeira cósmica de outros céus

é a catarata que impede

o estudo da nuvem

a cor de brasília

é o ponto cego da imaginação

é a tela inacabada

carta-renúncia do artista

a cor de brasília

é um cimento colado no ar

um coral que se desbota

é uma nuvem em decomposição

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 10/08/2014
Reeditado em 10/08/2014
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