ENCONTRO COM INDIO BRASILEIRO LYRA
ENCONTRO COM INDIO BRASILEIRO
Foram parcas as palavras
E o aperto de mão tornou-se eterno!
Sentados naquela mesa de cozinha,
Falámos de coisas banais, do Verão e do Inverno
Do mar de Angra e das vagas,
Das noites calmas de luar brilhante, claras!
Junto, empreendemos a viagem
Com a imagem do sorriso e saudade
No “trem” da vida ou da “Maria Fumaça”
Apitando no trilho, com vida, com coragem!
Ah! Saudade, bendita saudade!
Passageiro entra, passageiro sai,
O doutor, o engenheiro, o operário da argamassa,
O idoso , o jovem , o peregrino em romagem,
O pastor bem vestido, a senhora da caridade,
E no cais fica a lágrima que não vai!...
Indio Brasileiro foi seu nome
Alva neve nos cabelos,
A cor de prado no olhar
As mãos vivas e coração ardente
De um fogo que não consome
Mas dá alma aos desvelos
De sorrir, afagar e amar
As nove estrelas de constelação cintilante
Que à mesa reuniu, filhos seus!
Um trote de dedos na mesa
E uma conversa sobre coisas mil
Fizeram deste encontro um mundo
De outros encontros de caminhadas
Rasgando carris de destinos cor de anil,
Ou talvez do sentimento mais profundo
De estações e marés, de praias e orvalhadas!
Não foi longo o momento
Nem fugaz o encontro breve
Naquela mesa de cozinha
Que se tornou lar e familiar !
E um dia , por encantamento
Sem o adeus nem aviso leve,
Partiu com sua alma sozinha
Para a eternidade!
Mas um palpitar ficou ainda
De amor que senti naquele lugar
Ter na Terra por companhia infinda
Aquele ancião-pai, aquele olhar!
Foram parcas as palavras
E o aperto de mão tornou-se eterno!
(Homenagem a Indio Brasileio, meu sogro, que hoje completaria 82 anos, que conheci em breve encontro e partiu mas está presente no nosso coração)
José Domingos
2014.08.08