Grilhões

Cabe então ao pranto desaguar minha tristeza

Trabalhando pelo tempo que insiste em não fechar

A ferida que se abriu e continua pondo a mesa

Pra lembrança que esculpida idealiza o meu pensar.

Esmorece, mas de tão fundo enraizada

Se enfia pelas brechas onde o solo então rachou

E em meio ao cinza da memória desbotada

Mistura as histórias do retalho que ficou.

Vista a saga de todo humano sobre a terra

Em buscar seu par perfeito pra durar até esquecer

Se autoriza entre um e outro a travar infinita guerra

Cortejando os bons momentos, renegando o que doer.

Enquanto a mente não distrai com novidade

Vivo o antagonismo entre o querer e o desistir

Na insegurança de lançar-me à realidade

Amargo a nostalgia, me abstendo do existir.

(05/08/14)

Fernanda F Gomes
Enviado por Fernanda F Gomes em 08/08/2014
Código do texto: T4915347
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