Grilhões
Cabe então ao pranto desaguar minha tristeza
Trabalhando pelo tempo que insiste em não fechar
A ferida que se abriu e continua pondo a mesa
Pra lembrança que esculpida idealiza o meu pensar.
Esmorece, mas de tão fundo enraizada
Se enfia pelas brechas onde o solo então rachou
E em meio ao cinza da memória desbotada
Mistura as histórias do retalho que ficou.
Vista a saga de todo humano sobre a terra
Em buscar seu par perfeito pra durar até esquecer
Se autoriza entre um e outro a travar infinita guerra
Cortejando os bons momentos, renegando o que doer.
Enquanto a mente não distrai com novidade
Vivo o antagonismo entre o querer e o desistir
Na insegurança de lançar-me à realidade
Amargo a nostalgia, me abstendo do existir.
(05/08/14)