Objeto feminino
ela me olhou
do alto de sua condição urbana
cantando delírios em inaudíveis sons
uma dança do acasalamento
em pleno silêncio das convenções sociais
para que ninguém ouvisse
sua lastima endinheirada
da solidão capitalista
que sua beleza esconde
embaixo de seu lindo vestido
que reveste seu cirúrgico corpo
a espera do primeiro lance
em um leilão de interesses
onde quem paga mais leva menos
e quem não paga nada
apenas fita o horizonte
da mulher que nunca terá