A DOR GUARDADA
A dor guardada
não é igual ao vinho
A dor guardada, corrói,
bloqueia a criatividade,
corrói o caráter.
A dor guardada, é ácido
que queima e dói, destrói,
derruba fortaleza, tudo vira nada.
A dor guardada
não é um novo amanhã.
É dia escuro, dia sem luz, sem vida.
A dor guardada
afasta o abraço, o aperto de mão.
Transforma em inimigos, dois irmãos.
A dor guardada, é dor e tensão.
E dor represada, dor acumulada,
como enchente, transborda em desilusão.
A vida é mar calmo e de procela.
Navegar nesse mar, é aventura incerta.
Não pode quem nesse mar adentrar,
levar consigo dor da partida,
ou dor da chegada que não haverá.
A dor guardada é incêndio
em alma que sofre calada e queima em silêncio.
Das naus outrora já esquecidas,
de terras estrangeiras e desconhecidas,
não pode o invasor dores em novas terras causar.
Porém, tomado pela ganância e poderio armado,
o invasor de novas terras se fez senhor.
E dor que tinha guardada no peito,
à inocente vítima impôs também dor,
com a espada ou tiro de bacamarte no peito.
A dor guardada é a dor mais perigosa,
transforma boa gente na mais raivosa.
Uma dor assim cultivada,
não pode, ser ela, admirada.
E não ignorando que dor há,
não guardando-a, já é esperança para o que virá.