Ryan Patrick Halligan (monologo de um fim)
uma corda amarrada no céu de Outubro de 2003
o caderno tem agora apenas palavras escritas com sangue
e a escola foi transformada em uma sala do inferno
de costas para a luz do dia vou beijar o espelho pela ultima vez
e agora o agora e apenas uma sombra
deitei meu corpo nu na neve fria do natal
e queria apenas ganhar um beijo da vida
mas a realidade pintou um quadro triste na manha dos gritos
não tem nada de errado no meu rosto
não tem nada de errado em querer beijar uma alma
tudo que queria era apenas um beijo
e um abraço apertado
como e bom olhar as flores numa manha de verão
beber o orvalho no copo da santa ceia
mas tudo era errado
para os corpos feitos de pedra
nada era real
as palavras não foram escritas com o coração de um anjo
chorei
chorei muito
alma molhada de suor frio
a dor e forte
e os olhos da condenação e mortal
mas não matei ninguem
não cuspi na cruz
não vomitei na boca da santa
apenas beijei uma alma amiga
apenas um beijo
espelho da culpa
não quero jogar minha historia no lixo
sou tão jovem
e tão lindo
não e pecado segurar as mãos de alguem que amamos
tomar um sorvete
e rir das piadas
hahahahahaha
e bom rir
e bom falar
e bom gritar
e bom beijar
e mesmo assim sou culpado
e mesmo assim minha alma doi
e doi muito
e muito
a dor e tanta que da vontade de pular na frente de um caminhão
e ver meu corpo esmagado pela vergonha de ser apenas eu
e nada mais
eu
eu mesmo
aqui e agora
abrindo a porta do desconhecido vou andar contra o vento que corta a carne da realidade que contou o segredo para o mundo condenar esta alma para toda a eternidade
e o fim comeu um bolo de chocolate
e escreveu a ultima tarefa de matematica
acho que o sol vai abrir os olhos
mas antes vou desligar a luz do banheiro
agora deixo que a TV conte o resto
adeus mundo sujo
adeus mundo cruel
fim