Negócios

posso viver de poesia?

pagar meu aluguel com versos,

pedir meia dúzia de pães na padaria

e pagá-los com repetições?

comprar roupa e parcelá-la

em três estrofes curtas;

colocar um ou dois sofás na sala,

acertar com um soneto para daqui um mês?

fazer caridade com versos ingênuos,

um poema inteiro dedicado à instituições.

e que isso fosse suficiente para, talvez,

alimentar alguns corações.

imagine quão belo seria,

o telemarketing ofertar

um combo internet, telefone e tevê,

e apenas quatro versos lhe cobrar?

pode parecer nada importante,

mas eu sonho com esse dia

simples e um tanto distante,

que eu possa viver de poesia.