Sobrevivente.

Rio, 22.06.2014.

sobrevivente.

A vida me fez concessão,

Nada que não tenha feito

A outras centenas de milhares,

Não reclamo de nada,

A vida me é suave

Apesar dos pesares.

E mesmo quando não,

Ela me pôs um filtro na visão

Que abranda sua aspereza,

Ainda que somente em parte,

Tudo é mais leve visto

Pela lente da arte.

De nada me gabo,

Mesmo admitindo que

Me permeia algum orgulho,

Tudo que faço é no silêncio

Não gosto de barulho.

Sempre tem uma pá de gente

Que sabe exatamente

O que eu devo fazer,

Mas quando a vida os desafia

Adivinha quem os vai socorrer.

Faço o tipo bobo alegre,

Não que eu não seja contente,

É que todos querem vencer a lebre

Enquanto a tartaruga menos

Visada passa na frente.

Nada bate mais forte que a vida,

E de tanto tomar tranco

Fiquei resistente,

Daí fiz um pacto com a vida...

Ela não me erra, ao contrário,

Me acerta de modo persistente,

Mas ela sempre me regenera

Porque sabe que sou

Um sobrevivente.

Clayton Márcio