O AMOR ESTÁ NOS CANTINHOS
O amor está é nos cantinhos,
mas não adianta espremer,
direito faz-se em olhar de fresta, mirar com a vesguice,
o certo é procurar.
Mas ainda não é certo,
o amor está por dentro e só aparece por fora,
coisa assim que está tanto em mim
quanto em você.
O ódio não, ele é peremptório:
você diz que está, e pronto,
você diz que não, e também,
ódio é apenas ódio,
não tem paciência para estar em canto algum.
Diz-se você: estúpido em amar
e diz com ódio do amor.
Mas a estupidez é infalível:
forma ou de outra,
ela consegue sempre o que quer.
E faz questão de mostrar.
E mostrar a sua importância.
E mostrar que não faz elegância.
E mostrar que amar é descalabro.
Quais as possibilidades? – resposta que interessa,
A que canto o amor se presta?
Então não vejo sentido
Eu de um lado e o amor num canto,
Se junto caco o tempo todo o amor me seja ou me desculpe:
- o desespero fala alto, o sentido é só viver!
Disso talvez nasçam as coisas.
O amor, formiga, milhares, milhões, coletiva força, parceria.
O ódio, o galo que grita três vezes no afã de ser escutado.
E a estupidez é mera mediocridade.
Há tempos e lugares em que tentamo-nos ser diferentes.
Mas, normalmente, forçamos parecermo-nos alguém.
Isso é estupidez.
O amor olha pra todo mundo.
E ódio sai de quem não consegue olhar de canto.
O amor não é coração:
o amor é um monte de coisa.
o amor combina, o amor espera, o amor perdoa, o amor nos cabe.
Mas: por quanto tempo dura o ódio?
Mas: a estupidez se aplica a qual verdade?
Faça ódio ou estupidez,
E evite fazer amor.
Veremos, então, qual será a graça do mundo.