TARDE NO SERTÃO

Ontem à tarde, quando o sol morria,

A natureza era um poema santo,

De cada moita a escuridão saía,

De cada gruta rebentava um canto,

Ontem à tarde, quando o sol morria.

(Castro Alves)

Numa tarde no sertão

Ao som de um violão

Ouvia-se uma música bela

Na voz de um poeta,

Uma borboleta esbelta

Retratava o canto dela.

Foi-se a tarde

Ficou o peta.

- Cantando!

A tarde desmaiou bonita...

Um verso na memória ainda grita:

- Sou filho dessa terra

Minh’alma será enraizada

Na fonte abençoada

E nos ecos lá da serra.

 

Foi-se a tarde

Ficou o poeta.

- Sonhando!

Na ternura da açucena

Desmaiou a tarde morena

Morrendo aos pouquinhos

Deixando na Memória

Seus rastros de glória.

- Os passos... os caminhos...

Foi-se a tarde

Ficou o poeta.

- Murmurando!

Com saudades me lembro

Era uma tarde de setembro

Desmaiava nas campinas,

O sol quase oculto

Mal via o seu vulto

Entre nuvens e neblinas.

Foi-se a tarde

Também o poeta...

- Chorando!

Francisco Gonçalves
Enviado por Francisco Gonçalves em 13/06/2014
Código do texto: T4843884
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