TARDE NO SERTÃO
Ontem à tarde, quando o sol morria,
A natureza era um poema santo,
De cada moita a escuridão saía,
De cada gruta rebentava um canto,
Ontem à tarde, quando o sol morria.
(Castro Alves)
Numa tarde no sertão
Ao som de um violão
Ouvia-se uma música bela
Na voz de um poeta,
Uma borboleta esbelta
Retratava o canto dela.
Foi-se a tarde
Ficou o peta.
- Cantando!
A tarde desmaiou bonita...
Um verso na memória ainda grita:
- Sou filho dessa terra
Minh’alma será enraizada
Na fonte abençoada
E nos ecos lá da serra.
 
Foi-se a tarde
Ficou o poeta.
- Sonhando!
Na ternura da açucena
Desmaiou a tarde morena
Morrendo aos pouquinhos
Deixando na Memória
Seus rastros de glória.
- Os passos... os caminhos...
Foi-se a tarde
Ficou o poeta.
- Murmurando!
Com saudades me lembro
Era uma tarde de setembro
Desmaiava nas campinas,
O sol quase oculto
Mal via o seu vulto
Entre nuvens e neblinas.
Foi-se a tarde
Também o poeta...
- Chorando!