Máscara
É tão contínuo esse desmoronar
Que eu já nem sei quantas vezes
Eu cheguei a me remendar
Se foram anos, dias ou meses.
Eu só sei que é de se espantar
Conseguir me erguer e depois sorrir
Enquanto a dor é navalha a me sangrar.
Rosto de cera fingindo nada sentir
De noite morrer, de dia persistir.
Congelo a feição, ninguém precisa saber,
Que os olhos revelam todo meu sofrer
Sigo disfarçando com boa maquiagem.
É uma pena, a alma, não dá pra maquiar.
Carrego gritos, espasmos e dor na bagagem.
Quando me olham pareço ser tão forte
Mas só vai entender quem se aproximar
Pois poderá perceber cada corte
Se lá, no fundo dos meus olhos, procurar,
Me verá tão louca, desfigurada, sobrenatural
E sei muito bem o que vai se perguntar:
“Será que suportarei? Ao menos até o Natal?”