ausência encravada
toquemos
as pedras com as mãos
espalmadas, abertas
de forma que sua superfície
inteira tenha da pedra a sua
sua clareza
os untensilios
feitos de madeira e de ferro
toquemos, devagar, sem umbigo
ou pressa.
toquemos o arado
e os arames que lhe cercam
amemos o aperto de mão
que aperta, que se mostra
presente, o olhar que acerta
forte e direto na coisa mirada
e quando farto de amar
as coisas duráveis que conversam
com dedos e mãos
amemos as ausências encravadas;