VISITA
Gosto de visita assim,
Desobrigada
Vem por prazer,
Com gosto de se fazer presente.
Que entra em minha sala,
Escolhe o melhor lugar
E olha meus versos,
Com a atenção de quem ouve uma prece.
Demora-se um pouco para compreendê-los,
Ávida de interesse pelo espaço, inspeciona
Feito pássaro que encontra a janela aberta.
Dá um voo entre a mobília e, atenta,
Empresta-me uma asa por instantes,
Da qual deixa uma pena de lembrança
E o fugaz perfume da visita.
Nada pede,
Bebe da água da fonte
Na concha das mãos,
Molha-se no cristalino das palavras
Encharca-se da mina escolhida.
Vagarosamente se retira sem alarde,
Sem ostentação ou cobranças,
Não espera pelo cafezinho.
É assim que gosto,
Porque, não raro, sigo o rastro bom,
Convidativo de sua perfumada passagem
E me sento por algum tempo
Na segurança do seu verdadeiro cais,
Onde também deixo uma pena de minha asa.
Dalva Molina Mansano
29.05.2014
12:08