É só uma noite de silêncios e tédios
E nenhuma outra coisa atravessa noites como essas
Nem o vento que balançavam as cortinas empoeiradas
Distraindo-me os olhos desse vago estar,
Quando eu olhava as poeiras a dançar pelo ar
Como lembranças que se soltavam das cortinas (agora inertes)
Dando-me à vida de vidas que me houveram
Ou que me sonhei nos desdobramentos delas.
Lá fora, onde sempre há manhãs amorosamente puras,
Espio pelas janelas descortinadas
A flor longínqua de meus claustros e insânias
Ruindo a ponte que ousei projetar
De meu estar clandestino.