Maio
Maio está aí
E a sua beleza expurgada
Do calorão
Das intempestividades do verão
Me encanta
Me seduz
Me enternece
Caminho na calçada
E corro um sério risco
De me bater com alguém
Que passa por mim em sentido contrário
É que vou num ritmo
Menos frenético
Já fui suavizada pelo tempo
E me torno contemplativa
Por um momento
Olho pra cima
E me prendo ao azul belíssimo
Do céu
Despovoado de nuvens
As manhãs de maio são cálidas
De um friozinho que lembra
Colo
Carinho de mãe
Abraço do bem
Carícias,enfim
Tudo isso me vem
Assim
Numa manhã de maio
Que desperta em mim
Tanta coisa boa adormecida
E uma vontade imensa de abraço
Os tempos bicudos
Que nos fazem
Reféns da violência
De toda ordem
Das palavras
Dos gestos
Das omissões
Das contestações
Sem nenhum pudor
Se vão
Quando me deixo seduzir
Pela ternura das manhãs de maio
O Sol aquece
Sem maltratar
O frio é só para aumentar
o desejo
de aproximação
De beijos
De comida quentinha e bem feita
De mingau de aveia
De fubá com queijo e canela
De edredons e meias
E muito aconchego
Como ficar insensível às belezas de Maio?
Amarilia T Couto