Tua

Enquanto o sono abraça teus olhos,

Posseiro dos teus caminhos e vontades.

Pertenço-te sem saber porque, nem como,

Sem explicações e mesmo anonimamente.

Pertenço-te no desejo atrevido e úmido

Que te instiga a imaginação e te dilui a razão.

Pertenço-te quanto mais me negas,

E sei-me tua nos beijos que não me deste,

Nos arrepios que eriçam meu nome em tua nuca,

Nos sussurros que em tua boca acorrentas.

Pertenço-te na indecisão das tuas mãos,

E nas tuas tantas deliberadas recusas,

Nas trilhas que ocultas tuas confissões.

Pertenço-te na distância que me impões

Quando transbordam carícias do teu corpo

E indefeso, clamas para que meu tato adormeça.

Pertenço-te nas entregas que adias,

Nos carinhos que tão bem atas,

E que vais somando aos teus desamparos.

Pertenço-te, quando teu corpo debruça-se

Buscando em meu êxtase, os teus ais.

Pertenço-te no espalmar de tuas ânsias

Quando em teus lençóis, procuras-me

Resgatando-me nos vestígios dos teus sonhos.

Pertenço-te no entrelaçar dos teus dedos tensos,

Quando ainda não presumes minha chegada,

E hesitas em fazer-me teu destino, porto e acalanto.

Pertenço-te, quando te ausentas de ti,

E apenas a saudade de mim te alcança.

Pertenço-te sem horas, sem entender onde

Porque sempre fui tua, antes mesmo de te amar...

Fernanda Guimarães

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Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 20/02/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T4792