DECIBÉIS SURDOS

Mandem as crianças

levantarem da mesa,

saírem da sala.

O Rodrigo

pode ir jogar

jogos violentos

no videogame.

A Mariana,

pode ir fofocar

das amigas e vizinhas

no Facebook.

A Luciana,

a mais velha aos dezesseis,

pode ir ouvir o som da hora

nos decibéis do fone de ouvido.

Porque hoje,

para uma mesa

e sala vazia,

vamos falar

de respeito,

de patriotismo,

de civilidade,

de solidariedade,

de honestidade,

de educação.

Vamos falar

das qualidades

e virtudes,

que forjam

uma família,

uma sociedade,

um cidadão.

Que não se aprendem

nos videogames,

não se ensinam

nas redes sociais,

não se ouvem

nos fones de ouvidos.

São os decibéis surdos

que ninguém

está com muita vontade

de ouvir.

Nem Ricardo,

Mariana,

Luciana.

E nem

os seus pais.

(Os nomes próprios do poema são fictícios)