Trezentos e trinta e três - O poema da vez

Respire

Diga três

Respire

Diga trinta e três

mais uma vez

Respire

Diga trezentos e trinta e três

Bem pesado na balanço dos versos

Bem ao gosto do freguês

Trezentos e trinta e três poemas

Aferidos na batida, no estetoscópio

e postos em sua vez

A voz que falha ao poeta

lhe surge em versos na tez

Na testa lhe escorrem os versos

e cada pingo arrisca a demora

em dias, semanas, ou mês

Mas, eis que chega a hora

e o poeta lhe sangra de vez

O poeta parindo seus verbos

bem pesado na balança do freguês

Trezentos e trinta e três poemas

A parte contada que o poeta fez

A parte abstraída e a esquecida

Somar-se-á, quando chegar a sua vez

No momento o poeta respira

e transpira em seu recanto

O poema trezentos e trinta e três

Por hora é só

Acaba-se o ato

Deixarei as veias abertas

Sangrando o abstrato

Buscando trazer

Materializando os versos

do próximo...

... o poema trezentos e trinta e quatro