PUNGENTE

“Viver é adaptar-se “

foi o que ela aprendeu

com a sabedoria da vida e dos livros.

Lembrou-se estarrecida

de quantas vezes já morreu,

sendo prudente como as serpentes

e simples como as pombas,

boa nova essa, tão antiga,

desgastada em cicatrizes.

No confuso sonho da madrugada,

a furiosa intromissão da tormenta

em procissão de mais um prenúncio

da morte inevitável... mais uma vez.

Morreria de dor atroz, pungente

ficaria o coração desarmado

com mais fibras inertes

para amenizar sua dor.

E dormiu querendo não acordar

para, deste modo, não saber

da luz invasiva do sol, teimosa

penetrando em coração alheio,

fazendo lacrimejar seus olhos

por mais uma morte inevitável.

Assim ela segue em seu cortejo

lidando com suas dores,

adaptando-se em seu viver.

04.04.2014

08:32

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 04/04/2014
Código do texto: T4755727
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