O dia ou a vida
O que é a vida, mestre?
A vida se compara a um dia:
Nascemos
como alguém que desperta de madrugada,
atordoado.
Sem saber onde está,
sem saber que dia é.
A aurora bem retrata a infância.
Com o sol nos dando coragem.
Em focos inocentes de luz.
Que aquecem sem queimar.
É o mundo brilhando pra gente.
E a gente ofuscando mundo.
Às dez horas surgem os fluídos da clarividência.
Começa a adolescência.
Julgamo-nos prontos para o dia.
Quando de tudo
saber
se crê.
Nada breca a rebeldia.
Não existe a palavra ceder.
Das dez às dezoito,
lutar pela sobrevivência.
Calor ou frio não importa a estação.
Faltará tempo ou dinheiro.
Mas enquanto há sol há esperança.
Só não pode faltar o pão.
E o amor que espere até noite,
pois sem leite para sujar os lábios:
só beijos mortiços, toques em vão.
Início da noite.
Período de reflexão.
De passar a limpo a tarefa.
Meditar sobre o amanhã provável:
concreto.
Ou sobre um onde desconhecido:
oculto.
E voltamos pra cama.
Se for do dia
deitamos para,
bem ou mau,
sonhar.
Mas se for da vida,
é diferente:
quando de fato dormimos,
é pra nunca mais acordar.
Só paz!