Pietá

Decepciono-me ao ver o mapa

E o traçado final estampado.

Queria o segredo no cofre guardado

Porque amar é a arte de tentar, de se doar, de renunciar.

Teus amores deliciosos, onde estão?

Agora em meu rosto só a expressão de Pietá,

Minhas mãos vazias pra mostrar.

Nestas noites em que só palavras voam,

E dos meus dedos brotam céus em desalinho,

Giro neste quarto de chão molhado

Tropeço no escuro do caminho.

Nem sombras dos que me pediam

Pra mais alto eu falar.

Nem pontes unindo sul e norte,

Nem em aquarelas vejo teu olhar,

Só um vento que sopra melancólico e forte.

Mas há de haver um ponto sagrado

Onde o mundo possa ser ancorado

E viver em harmonia

O sonho pela vida sonhado.

Onde o sol bronzeie a pele

Onde a semente germine

Onde a realidade sorri.

E a vida, preciosa, se ilumine.

Moacir Luís Araldi
Enviado por Moacir Luís Araldi em 15/03/2014
Reeditado em 26/03/2014
Código do texto: T4729333
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