Poema 0091 - Dono, eu
Lembro o gosto perdido,
o amar sem beijo,
o não sem o sim,
a voz que não ecoa.
Saudade do vento,
do rosto na liberdade,
do sol entre nuvens,
das diferenças dos corpos.
Quero teu cheiro no meu,
o sal da pele como do mar,
a língua fazendo ondas,
nas bocas, na tua boca.
Já não tenho o riso,
o som vindo da alegria,
o ar ofegante do hálito,
o recordo das salivas juntas.
Amo amar outro carinho,
deixar adotar-se,
incansável, irresistível,
amar irreal, teu amar meu.
Namore, me namore antes,
faço amor como que amo,
beijo as costas, o ventre,
limpo... caminhos de gozo.
Impossível altura,
são teus céus longe,
enquanto meu peito frio,
sinto o perigoso abandono.
Tomo, me tome, tomamos,
o tempo acaba, está indo,
se vieres, por meia hora,
amo como seu dono, eu.
13/12/2004