NO CAIR DA NOITE
(Sócrates Di Lima)
No cair da noite silenciosa,
Choro sem me derramar,
Não são lágrimas copiosas,
É o pensamento a lacrimejar.
Mas o cração fica firme,
Nem se abala o Senhor....
Parece até um filme,
Daqueles de terror.
Frio e silencioso,
O peito venera a arte,
A beleza do sem entedioso,
Que a alma no sorrir abate.
E a tarde se deitou feito menino,
Manhoso no colo da ansiedade,
As seis horas ave maria no toque do sino,
Anuncia que está chegando a saudade.
No cair da noite a cidade diminui seu ritimo,
Os lares esperam a cada um de nós...
Como a certeza do logaritimo,
Nas ruas não sobra nenhum algoz.
É no cair da noite que me desespero,
Nem medo, nem tristeza, nem solidão,
É apenas o silêncio que eu não quero,
Que deixe triste o meu coração.
É no cair da tarde que os amores ressuscitam,
Como zumbis despejados das nuvens,
Mas no fundo, dessa saudade meus quereres necessitam,
Pois so assim, dentre eles, tu vens.
E assim, já não há sonidos de pássaros solitários,
Nas janelas e nos fios que iluminam a rua...
Somente eu, nos meus interiores imaginários,
Ao cair da noite, debruçado à janela a olhar entre árvores, a Lua.