Buraco da agulha

Passou pelo pequeno buraco da agulha

raro e sensato camelo franzino.

Deixou ao relento seu ego sozinho

e jogou num bom vento os versos nas ruas.

É no amor, e não há impossível

no verossímil da batalha à vitória.

Fez de fulgentes momentos, o invisível

e na equação da paixão, a auréola simplória.

Sim, eu conheço, sei bem dessas fábulas

sei qual o seu curso, bons e maus imprevistos.

Falam de alguns vícios, falam de absurdos

não provaram na língua o que dizem amargas.

Qual o passo difuso em logradouros de deuses?

O que fez um sol confuso no louro da Nêmesis?

E agora um velho e sábio seguia adiante

e passou novamente pelo buraco da agulha.

Ficou na agrura, pois não era um camelo

ao se olhar no espelho viu somente um gigante.

André Anlub®

(25/1/14)

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