IMAGINAÇÃO
Invadi-la pelos vãos
Arrancá-la do desperdício
Pô-la em flores, em vidro,
Acariciá-la pelos vívidos sentidos
O início, as mãos, o sorriso
O meio, as coxas, o lapso
Tocá-la na ponta dos pés
Ter fé que agora ela aceita
Com quem me atiça?
Em meu desejo se deita!
Removerei a preguiça
Que fica depois do prazer
O delito, o instinto, a libido,
Os poréns, o senão, mais ninguém
Fechar a veneziana e guardar a luz
Animais, na savana, nus
Florais, aspirina, placebo
Percebo: é menina demais
É a cura do meu desassossego
Os lábios, o pescoço, a orelha,
Calafrio, arrepio, tremedeira
É olhar com carinho e tocar com ternura
É romper à vontade sem qualquer frescura
O abraço, o encaixe, a anatomia
O calor, a substância, a energia
E entender que estou preso
Na redoma que ela me cria
Como se eu fosse um cara assim,
Ou mesmo se ela existiria.