Querida.
Querida.
Querida, se quer saber,
Ou não, saiba, mesmo assim,
Que em meu peito ninguém nunca
Passou tanto tempo morando.
Não de aluguel, ou num quartinho de fundo,
Sem tv, ar condicionado, abafado e quente.
Se quer saber, querida, apoderou-se da mobília toda,
Que mesmo sendo pouca, teve bom senso
De enfeitar à sua maneira.
E onde vai, não importa por onde passe, levo um pouquinho de ti.
É por isso, querida, que o pensamento sempre está em você.
Não tem "por que?", não há resposta, apenas é assim.
E mesmo sem rima, sem inspiração,
Sem cabeça e sem palavras, querida,
Cá estou eu, sempre, te levando, em peito bem guardado.
[E, confesso, sempre te esperando voltar.