Gráfico de um quebra-cabeça
Euna Britto de Oliveira
Faz que dói, mas não dói
A sentença que me mói...
Sobre o mesmo corpo, entre os muitos medos, o de alopecia...
Órgãos sujeitos a perdas de funções,
Por desuso, por acidentes, ou pelo tempo...
Manobras, jogo de cintura
Esforço para permanecer!...
Habilidosa, carinhosa,
Talvez até caridosa,
Consigo acalentar-me e me acalmar!
Posso ouvir as músicas que me retocam, que me rebocam...
Sei tocar o instrumento de percussão que me provoca euforia!...
Imune à idade, só Deus!
Na terra, tudo tem uma estrutura e uma curvatura.
Até as civilizações têm ascensão, apogeu e queda...
A força poderosa do sexo,
Que também tem curvatura,
Povoa o mundo e as fantasias...
Hoje eu sou Ester, Rute, Judite, judia...
Ontem já se foi...
Amanhã poderá não ser.
“No meu tempo” é expressão que não falo,
Porque hoje ainda é meu dia!
Supor diferente disto é preconceito, soberba, covardia...
Rótulos...
“Terceira idade” é uma expressão de maldade, discriminatória;
Até trocaram pra “Melhor Idade”
Que, a meu ver, dá no mesmo.
Não discrimino ninguém, não vou fazer isto comigo!
Não se fala em “Segunda Idade”
Nem em “Primeira Idade” se falou...
A “Quarta Idade” existe?... Ou aí a vida já parou?
A idade é permeável e nos deixa passar por ela
Só até onde começa a eternidade.
Esse limite, quem estabelece é Deus.
Ninguém quer ter mais idade!
Ninguém quer a eternidade...
O que se há de fazer?...
“Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer!”
Quebra-cabeça pra Deus!...