das coisas que conversam

Não se desanime à sombra

parca que te arrasta;

labute-a com caneta,

desenhe-a no papelo

em frases ou desalinho

talvez agora

não veja, mas na frente

quando o que é importante

cristaliza, saberá, que não passava

de burburinho, amontoados de

tanajuras dizendo os únicos sons

que a natureza lhes deu

O elo, estranhado pelo

seu olhar de lobo, teme

seu próprio reflexo e desfalece

na esperança de não rompê-lo

pela força.

os olhares brigam e se confundem

diante das palavras, que vem à tona

sem a força da carne e dos sentimentos;

a distância vai aumentando

apesar da proximidade física. e o medo

clarão que nos contrai a inteligência

toma as rédeas e nos força ao fingimento...

não seria muito esperar que ceda

não pela força ou pela verdade imposta

mas pelo comunhão que existem nas

coisas que conversam

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 17/01/2014
Reeditado em 17/01/2014
Código do texto: T4653255
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