VÉU
(Sócrates Di Lima)
Guarda-me em teu corpo mulher,
Como o mar guarda a sereia,
Sou teu mar em noites de bem me quer,
Onde a Lua se faz fêmea e se deita na areia.
Sou a onda quebrada em meio a noite,
E a maré ao amanhecer,
Que os ventos do bem em açoite,
Faz minhas asas bater.
Cubro-te a pele molhada,
Ao toque da água em poesia,
Tua pela branca e dourada,
Morena feito tarde em fim de dia.
Com meu véu de azul mar,
Nas linhas brancas do meu horizonte,
Cubro teu corpo com meu amar,
Da nascente do Rio ond eminha sede é fonte.
Cubro-te com minha saudade,
Numa caricia que tu nem sentes pela brisa tocar,
O meu carinho e a minha vontade,
Cobre-te em luz como a lua ilumina e cobre o mar.
Se eu sozinho caminho para a posteridade,
Levo comigo as vontades do amanhã,
O ontem se fechou numa noite em tempestade,
E o dia de amanhã nasce com sabor de hortelã.
Sou o véu que cobre os sonhos teus,
Como o mar cobre a sereia,
Assim como te cubro nos pensamentos meus,
Minh'alma em véu te cobre, como o mar cobre a areia.
APENAS UM POEMA.