AUSÊNCIA
(Sócrates Di Lima)
Uma bandeja de café vazia....
Uma flor vermelha murcha,
Um bilhete sem poesia,
Ausência que a alma escarafuncha.
Uma vontade morta,
Cortada com o fio da navalha,
No tempo que não mais aporta,
No querer que o vento espalha.
Um amanhecer sozinho,
Sem o calor de outros braços,
Quentura e frio no ninho,
Por falta de teus abraços.
Que nunca chegaram,
Nem nunca virão,
dos corpos que se amaram,
Numa distância sem solução.
Ausência não revelável,
Na vontade que não se avoluma,
Uma dúvida no olhar inalcansável,
Saudade que não se consuma.
E penso no pensamento distante,
Que talvez amanhece nem pensando em mim,
Na querência ausente de amante,
Que parece que não tem fim.
Em nada se decide,
Se vem ou se vai,
E assim a ausência reside,
Onde não morou, mas, também não sai.
Uma bandeija de café na cama vazia,
Jamais ocupada ao amanhecer,
E assim, parece que ao entardecer,
Murcha a flor, ainda, acompanhada de uma folha sem poesia.