Refaço-me
Na fogueira das coisas que vivi
me deixo queimar, envolver
pelas chamas azuis da saudade
e danço com elas ao sabor
de seus estalos de dor
Na fogueira que faço
renasço das labaredas,
refaço sonhos,
soprando e modelando
como bolhas de cristal
Na labareda que me devora
desfaço-me no desejo
e me reconstruo continuamente
como meu próprio artesão,
de cinza, fogo e brasa
Ignoro o tempo
deixo-me resgatar pelo vento
acima das chamas azuis,
renascida do fogo e luz
para os braços da canção