Efêmera
sou a própria flor,
que fenece no mesmo dia em que se abre.
sou a tempestade que ameaça,
para logo depois retirar-me,
deixando o sol cumprir o seu destino.
sou a própria palavra,
que me impõe um modelo.
talvez não querendo ser lembrada,
ou talvez a mercê do medo.
Efêmera...
é tudo que é passageiro,
é tudo que tem um breve momento.
é um olhar que passa ao largo,
é um sorriso bonito,
que logo vira numa esquina.
não quero cumprir o papel da palavra.
quero ser eterna dentro dos tempos.
quero ter um baú de recordações.
quero ser certeza, pra quem me espera.
quero ser efêmera,
apenas para os constrangimentos.
queros ser a flor,
para perpetuar meu perfume.
a partir de hoje,
rasgo o poder dessa palavra.
dilacero as situações,
que durem apenas poucos minutos.
quero ter a força do tempo.
quero a efemeridade,
apenas entre as pulsações do meu coração.
entre um suspiro e outro,
entre um passo em cada caminhada.
nunca mais efêmera,
nunca mais passageira,
nunca mais inconstante.
Deus me fez num instante,
mas me deu a eternidade.
Efêmera...? nunca mais.
E. Di Camargo
16/11/2006