ANDORINHAS

Descobri, na tarde, andorinhas.
Espiei pela janela do inverno
e percebi que era verão.
Na última estada, já tinhas
delicadas asas.
Sumias em voos; eras desvão
de caminhos surpreendentemente
sutis,
sugerindo brasas.
Eu, mergulhado no inferno,
observava teu voo livre
como as andorinhas da tarde:
as improváveis andorinhas
da tarde de inverno!
Todas as tardes em que não vinhas,
fui apenas entardecer sem andorinhas.
Ao vê-las, hoje, refiz,
também em mim,
as asas.
Mas, covarde, não voei,
nem as transformei em brasas.
Permaneci na tarde de inverno
das janelas por onde não vinhas.

 
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 18/12/2013
Reeditado em 15/01/2014
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