exercícios de caligrafia # 32

um fiapo de chuva

gente séria nas fotografias

keith jarrett

devoção

detesto conversas adultas

se alguém disser que sim, aí então

impressionante essa capa vermelha

tudo estava nas frases dos sambas da década de trinta

andar de branco as terças

se me provocam, ai se me provocam

silêncio entre amigos

ficar doente junto com a mulher amada

o galo canta de novo

nada de novo

bandeiras enroladas

faço uma leitura distraída da vida

nada na nove

gente séria é muito risível

o que me fez levantar, fará isso de novo

saudades do trovão

nunca me disseram que ia ser tão fácil

quando ela vem até aprece mentira

uma vira-lata de nome diana

juntando os cacos

é, a pomba morta

a grama crescendo

como será que é a neve?

caminhar onde não há caminho

meus pequenos defeitos

um caminhão, pegar carona em um caminhão desgovernado

meu olhar de tédio

todas as coisas que não são minhas

quando eu pensei que tchans, tchuns

minha cidade é Paris, mas serve Salto de Pirapora

usina abandonada

quando é que eu vou voltar a ver minha prima?

gelatinas coloridas

subir a escada

existe mais mistério que desejo

lendo livros em supermercados

o mal não é necessário

sinceramente eu não preciso de nada

a parede não me diz coisa com coisa

abrir a janela é um santo remédio

o prosaico não tá com nada

é difícil acertar a limonada

meu coração é um rio de merda

acho que eu provoquei um embaraço

a velha igrejinha

os guarda-chuvas chineses todos jogados na rua após a tempestade

livros de Nietzsche a dois reais nas máquinas automáticas

o garoto bêbado jogado ali ao lado

quem é que inventa o nome dos tornados?

todo mundo tem seu preço, eles devem supor que eu seja caro

claro e obtuso, mas usando o cabelo de lado

só o mistério

nada mais digno que as margaridas que crescem no meio do nada

o meu sorriso que não aparece

e tem gente preocupada com o uso dos carros

saudades do Mário Lago

acho que me distraí, e te perdi

fui dormir tantas vezes as cinco e agora acordo as cinco

c'est la vie