adornos

da janela eu vejo

a vida nas árvores,

na boca das pedras;

na procissão das formigas

rasgando o formão dos sentidos

(sacra janela que a tudo revela)

transfigurada em noite escura

não a imagino morta,

cansada ou empedrada

e nem a interpreto agonia

não lhe ponho cela ou cadeado

nem lhe faço perguntas infantis

tais como: quem é você?

nem lhe amparo em carnavais

não lhe interponho cortinas

adornos, anéis, máscaras

não lhe dou presente

nem lhe faço promessas

e nem exijo que seja eterna

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 11/12/2013
Código do texto: T4607986
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