TRISTE MANHÃ
(Sócrates Di Lima)
Acordei em presságio...
Fiz a minha rotina....
Levantei, tomei meu banho,
Fiz meu café...
Passei minha roupa,
Aprontei-me e vim trabalhar...
Passei no posto de gasolina,
Abasteci o carro com quinze reais,
Era só que eu tinha,
Na carteira ao amanhecer...
Senti-me valer aquela grana,
A unica que tinha no momento,
Cartão eu até tinha na hora,
mas não deu vontade de ir ao caixa,
Aquilo dava para chegar onde queria...
Deixei o carro na garagem...
Havia dois quarteirões do escritório,
Na mente uma imagem,
Uma saudade em repertório.
Caia uma chuva fina...
Tão fina que parecia garoa...
Nem me importei,
Pra que guarda-chuva!
Se nem me molhei!
Senti-me leve e úmido...
O corpo até ficou frio...
Mas, senti-me livre e até alegre,
Que deu-me arrepio.
Uma manhã que parecia uma,
única e especial,
Lembrou-me maresias,
A praia que nublada amanhecia...
Olhei ali na praça,
Um pássaro solitário,
Como eu...
Carregando seu calvário....
Olhei a rua movimentada,
Carros e pessoas atrasadas,
Quase fui atropelado no semáforo,
Um motorista desatento e eu disperso
na calçada.
Cheguei aqui...
Olhei-me ao espelho,
Meus cabelos pareciam uma manhã
Lá de São Joaquim no Sul,
Todo esbranquiçado,
Como se coberto em neve
igual relva no descampado.
Triste manhã...
Que lembrou-me você,
Um dia especial,
Não pra mim,
Mas pra quem te vê.
Posso ser um gigante,
Forte, irreverente,
Posso até me achar o tal...
Mas, há momentos que a gente,
Cede...
Se entrega ao irreal.
Triste manhã,
Em que lembrou-me a canção,
"Se que te amare siempre...
Triste,
Faz-me lacrimejar,
Como esta triste manhã...
Que dentro de mim,
Uma efêmera vontade de chorar.
......Enfim passou,
Vamos trabalhar,
Não sou rico,
Tenho contas a pagar!