ESPLENDENTE
ESPLENDENTE
Febo
em véu branco
e cinto de ouro...
Volta, volta;
retorna, retorna,
torna menina-mulher,
eu quero ver,
eu quero ser
livre,
desejo, ensejo ser livre,
desejo benfazejo,
solfejos em
lira, cítara, flauta e canto de mulher.
Sonora melodia dedilha a canção,
ó mulher, canta!
Encanta a canção do meu desejo,
e o feminino me traduz feito luz na escuridão,
e as notas da canção,
e a canção avança;
na menina-mulher surpreso vejo o azul e vejo o branco,
e a mulher-ninfa canta ao léu,
voz e canção dos céus.
Ó desejo de ser livre!
Ó menina, I love you!
A menina na balança canta,
dança a lírica ao embalo da balança,
a melodia é de tempos atrás,
ambas são belas demais.
_ Olha, o belo horizonte!
Belo horizonte,
belohorizonte,
belo riso toante a canção,
belo riso da menina,
dentes alvos,
agora dança feito ninfa enfeitiçada,
toda enluarada.
Ó filha do Esplendente!
A saia branca, de tule, rodada,
flutua, balança acima do azulago.
Ó desejos, ó menina-sereia, canta para mim
sobre coisas assim:
de amores, de ausências, de retornos, de abandonos.
Ó negro pássaro!
Cantarola a canção do amor fingido.
Ó ninfa-feiticeira, ó desejos!
Ó menina de fronte cingida por uma coroa de diamantes!
Brilhantes iluminam meu semblante.
Ó menina do cancioneiro candente!
Canta a minha dor,
esse misto sem cor sem sabor,
essa ausência de amor.
Ó menina cantatriz!
Quase fere a cicatriz,
a ferida por um triz.
Ó canto feminino que torna
a canção um hino divino!
Chama meu nome,
pois eu é só pronome.
Ó mulher, minha amiga,
minha irmã,
canta a canção de ninar para cessar
tanto exasperar.
Ó feminino, ó desejos,
Ó Ninfas das Fontes!
Me ajudem a pronunciar
o supremo adeus.
Ó desejo, ó mulher, ó menina, ó ninfa, ó sereias, ó Musas!
acrescenta na canção, no meu coração aberto, ferido,
as palavras sacrificadas!
Ó cortejo de Apolo!
Apascenta as palavras do inconveniente alvo cisne
instalado doce e cruelmente em meu coração.
Por Euterpe!
Palavras asfixiadas.
Por Calíope!
Palavras versificadas.
Por Érato!
Palavras transtornadas.
Por Polimínia!
Palavras inconformadas.
Por Terpsícore!
Minha coroa de jacinto e flores de loureiro.
Eis me aqui enfim por inteiro.
Prof. Dr. Sílvio Medeiros
Campinas, é outono de 2007.