a vida
da janela eu vejo
a vida nas árvores,
na boca das pedras;
na procissão das formigas
(sacra janela que a tudo revela)
e quando anoitece
não a imagino morta
ou desmaida, apenas
sua parte guardada
seu mistério ainda insodavel
não a julgo boa nem má
uma companheira discidente
que aplaca a solidão
(as vezes intensa, fogo e jangada)
não lhe ponho cela ou cadeado
nem lhe faço perguntas infantis
tais como: que é você?
não lhe interponho cortinas
adornos, aneis, máscaras
não lhe dou presente
nem lhe faço promessas
e nem exijo que seja eterna