a vida

da janela eu vejo

a vida nas árvores,

na boca das pedras;

na procissão das formigas

(sacra janela que a tudo revela)

e quando anoitece

não a imagino morta

ou desmaida, apenas

sua parte guardada

seu mistério ainda insodavel

não a julgo boa nem má

uma companheira discidente

que aplaca a solidão

(as vezes intensa, fogo e jangada)

não lhe ponho cela ou cadeado

nem lhe faço perguntas infantis

tais como: que é você?

não lhe interponho cortinas

adornos, aneis, máscaras

não lhe dou presente

nem lhe faço promessas

e nem exijo que seja eterna

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 08/12/2013
Reeditado em 11/12/2013
Código do texto: T4603623
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