Poesia Interior II

Sou como o prisma-espelho,

côncavo e convexo.

Reflito o que vejo

em minha própria versão:

Interiorizo do reflexo

justiça e benfazejo

E devolvo todo o anexo

Em plena boa intenção.

Sou como o ermo bosque,

sob a lua cheia.

Velo meus mistérios

em contida paixão:

Seja luz inteira ou meia,

amenidades ou casos sérios,

Em mim, colhe-se o que se semeia

Na súbita escuridão.

Sou como o grão de areia,

enterrado na praia.

Em meio a iguais, escondido

sob sílica imensidão:

Como muitos de minha laia

não quero ser reconhecido.

Com a natureza em tocaia

Vivo em plúrima solidão.